Apesar de sempre ter visto tudo o relacionado com a arte como uma paixão, optei por estudar Economia na universidade, sendo então profissionalmente um Economista. Uma carreira universitária de 5 anos na Venezuela.Nunca parei de desenhar, de inventar coisas, fiz minhas primeiras pinturas a óleo aos 11 anos (primeiras e únicas até muitos anos depois); desenhar, com o passar do tempo foi cada vez mais esporadicamente, fazendo um desenho só cada 4 a 5 anos apenas por muito tempo, e mesmo de não praticar nem desenhar continuamente, eu gostava cada vez mais, e eles ficavam melhores.Quanto à minha saúde, nunca tive um problema de saúde grave na minha infância, mas ia continuamente ao hospital para consultas regulares ou a urgências, porque sofria de cálculos renais desde os 4 anos de idade e sofria de ataques de cólica renal constantemente; durante toda a minha infância tendo de visitar hospitais.Por volta do ano de 2003 comecei com algumas fortes dores de cabeça, e após uma série de exames fui diagnosticado com "enxaqueca" e comecei a tomar medicação para acalmar os momentos de dores de cabeça. Depois por volta do ano de 2011, comecei com uma dor de cabeça diferente da que começou em 2003, dessa vez foi uma dor que nunca ia embora, que ficava ali 24/7, desde que acordava de manhã até que me deitava para dormir à noite, às vezes uma dor muito mais forte, às vezes não tão forte, mas definitivamente sempre ali.Ao fim de muitos exames, de muitos hospitais e clínicas, de muitos especialistas e doutores diferentes, e de muitos tipos diferentes de tratamentos (alguns até fortes demais ao ponto de ser difícil sair da cama); afinal, embora tenham sido encontrados problemas na minha saúde (como um problema na mandíbula/maxilar que ficou presa e não a conseguia abrir, sendo uma deformidade genética hereditária conhecida como "Disfunção da ATM"; precisando de 2 anos de tratamentos para um estado relativamente normal), nenhum teste ou diagnóstico conseguiu explicar ou melhorar essas dores de cabeça permanentes 24 horas por dia, 7 dias por semana.No ano 2016, saí da Venezuela com um dos meus irmãos (não nas melhores condições), para o Portugal, concretamente para a Madeira, onde continuo a viver atualmente.Após 3 meses na Madeira (Portugal), à procura de emprego com o meu irmão, e depois de lidar com uma deterioração progressiva da saúde, durante esses 3 meses, fiquei internado no hospital desde urgências, onde não me conseguia mexer, perdendo força em todo o corpo, sendo pior de baixo para acima (quanto mais abaixo a zona do corpo, pior a condição; não sendo capaz de mover dedos, pés e pernas e não sentir nada além de uma dor aguda).Depois de 6 meses internado, muito esforço, trabalho e força de vontade, tive uma melhora "rápida" e inesperada, devido ao estado em que cheguei (segundo as opiniões dos doutores, enfermeiras e pessoal do hospital), depois de muita reabilitação e posterior fisioterapia e terapia ocupacional no hospital para recuperar a força e a sensibilidade de todo o corpo, aprender a andar novamente e recuperar as habilidades motoras, força e sensibilidade das mãos e dedos... Depois de precisar de ajuda para fazer tudo, por exemplo, me vestir e até mesmo sair da cama para uma cadeira de rodas; após poder andar com andadeira; e finalmente depois de conseguir andar sozinho com canadianas e de poder cuidar de mim mesmo nas necessidades básicas, recebi a alta do hospital. Para posteriormente iniciar uma segunda etapa de fisioterapia e terapia ocupacional que duraria mais 2 anos, melhorando constante e rapidamente, até não se registrar mais nenhuma melhora. Levando cerca de 4 anos para deixar de usar canadianas na rua e andar por conta própria.De acordo com o meu principal doutor e todos os envolvidos, pela condição em que cheguei, poucas ou nenhumas pessoas têm uma melhora tão grande, em tão pouco tempo; e embora a minha condição atual ainda tenha muitas limitações físicas, e não seja de forma alguma as condições de alguém com boa saúde física, provavelmente para mim, é o topo máximo de melhoria. Mas apesar de tudo isso, e de ainda continuar com as mesmas dores de cabeça que tinha desde 2011, 24/7... Eu contínuo diariamente a tentar ter a mesma mente positiva e foco desde o início deste processo que começou em 2016, em que eu consigo ainda melhorar mais, mesmo que todas as probabilidades digam que não.Para terminar de falar sobre a minha saúde, gostaria de fazer um agradecimento especial às pessoas da minha família que estiveram e continuam me apoiando da forma que podem. E um cumprimento e agradecimento igualmente especial a todos o pessoal do Hospital Dr. Nélio Mendonça, a todas as enfermeiras e enfermeiros, doutoras e doutores, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, pessoal de manutenção, ajudantes, auxiliares e limpeza. Da mesma forma ao pessoal do Centro de Saúde Santa Cruz, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, ajudantes e todos que colaboraram comigo em algum momento.À senhora Virginia, o senhor Duarte e sua filha Filipa. Andreia do Polo de Emprego de Santa Cruz e Delia da Segurança Social. Sem não esquecer, também, aquelas 2 senhoras do Centro de Saúde de Urgência de Machico, ambas chamadas Maria que foram especialmente amáveis com o meu irmão e comigo (se algum dia ler isto, talvez se lembrem daqueles 2 irmãos fraquinhos [o meu irmão com um pequeno Afro e eu de cabelo comprido e barba comprida]) … Também à Senhora do carro vermelho (infelizmente não me lembro muito bem do nome dela) que nos viu a caminhar a pé do Funchal para Santa Cruz.A Fazer uma Menção Especial ao pessoal do 7º Andar, Letícia, Diva, Clementina, Denise, Isa, Diana, Sonia, Paula, Ana, Clara, Isabel, Angels, Diogo, Mariana, Rosa, Fabiana, Maria, Lília, Vera, Mafalda (e muitos mais, vocês sabem quem são, tentei dar a todos uma flor ou uma folha 🌺🌸🏵️🍂🌿, mas não consegui a todos) do Hospital Dr. Nélio Mendonça, e ao meu principal doutor Dr. Orlando que sempre esteve comigo do início ao fim (sem ele não teria conseguido o que consegui); sempre grato daqueles que me deram apoio extra, extra de boa energia e boas vibrações, naqueles momentos mais cruciais e críticos... Por último, mas não menos importante, às pessoas que não faziam parte do hospital, mas que ainda estiveram lá curtos ou longos períodos; que também brindaram atenção, um sorriso, bons sentimentos e boas vibrações; aqueles outros internos/doentes internados e os seus familiares, neste sentido um comprimento especial e muitos carinhos à Família Correia, Pedro, Luz, Cláudia, Liliana e seu namorado Ricardo.E como as experiências da vida são o que nos fazem, nos formam e nos ajudam a ser o que somos, eu não mudaria nada de todos os maus momentos e dificuldades da minha vida... Já que não só como pessoa, mas como artista, todas as experiências vividas te fazem evoluir; e precisamente os 6 meses internado, fazem parte das coisas que contribuíram para a decisão definitiva de me dedicar só à Arte e criar. Por exemplo, foi nesses 6 meses, as primeiras vezes que pessoas de fora da minha família viram a arte que eu conseguia fazer, assim como a primeira vez desde a minha infância que eu desenhava diariamente (embora para mim fossem esses desenhos uma porcaria comparado ao que conseguia fazer antes) … Entre as coisas que fazia no dia a dia, além de reabilitações, fisioterapias, terapias ocupacionais e treinamento de maneira pessoal no quarto do hospital, dedicava o tempo restante ao desenho diariamente, e assim pouco a pouco todos começaram ver e se interessar pelos desenhos que eu estava a fazer, podendo assim, ver pela primeira vez uma ampla gama de reações, apreciações e avaliações da minha arte, sendo chamado pela primeira vez naquele lugar de "Artista", e a ver como eles mesmos corriam a voz, que havia um "Artista" ali, e assim outros queriam ver os desenhos também.Apesar de ter perdido capacidades, e de não ter a mesma agilidade nas mãos, tento me adaptar às novas realidades e fazer o melhor que posso com o que tenho. Sem as mesmas habilidades físicas ou mentais de antes, ainda acho que conto com as suficientes para fazer o que quero; o que tenho claro, é que não vou parar de tentar 😊😁. Não sou especialista em nada (não é a minha intenção ser), a vida é muito curta para não tentar fazer tudo o que você gostaria de fazer, então tento aprender e fazer tudo o que me interessa ou gostaria de fazer ou criar. Não é uma opção para mim impor limites a mim mesmo, ou dizer a mim mesmo que não posso (já há outros para isso) ... Apaixona-me sempre aprender coisas novas, criar, basicamente Criar; gosto de desenhar, pintar, fotografar, filmar e editar, a arte digital e 3d; escrever, a moda e estilo, criar música, claro que não sou músico nem o melhor cantor (vamos deixar assim, nem músico, nem cantor), mas também gosto de fazer música e cantar; gosto de criar coisas com madeira, com papel, joias e a barbearia; basicamente criar e transmitir emoções e sentimentos. Por isso investigo e experimento sempre a ter como base as emoções e os sentimentos; e assim transmiti-los enquanto eu crio.Então num resumo quase impossível da minha vida, entre muitas experiências boas e ruins, perigos, inseguranças, doenças, dores fortes, desconfortos, dificuldades e desafios, que continuam até hoje, a tentar viver "um dia de cada vez", tenho conseguido manter uma atitude positiva, a tentar ter sempre um grande sorriso e umas boas vibrações (que nem sempre consigo manter ou ter, mas tento, e vou continuar a tentar) ... Como depois de muita determinação, força de vontade e disciplina consegui melhorar contra todas as probabilidades, tomei a decisão de me dedicar à minha paixão, a arte, criar e tentar viver da minha arte. A arte deixou de ser meu hobby para ser a minha grande aposta, hoje graças ao apoio da minha família com muito sacrifício da parte deles, me dedico a minha arte, criar, cuidar da minha saúde e tentar estar o mais saudável possível (e embora seja uma luta diária eu o tento, dia a dia, com os seus altos e baixos, dias melhores e dias piores, avanços e retrocessos, mas sempre a tentar dar e fazer o melhor que posso naquele dia, um dia de cada vez). Hoje, me dedico 100% à minha arte, aprender e melhorar (tanto a minha arte quanto o meu conhecimento em diferentes áreas que juntas me ajudem alcançar o objetivo), também a me manter focado apesar das dificuldades na saúde, e tentar melhorar e encontrar o necessário equilíbrio entre a saúde, a arte e claro o objetivo de viver da minha arte, e passar de ter a ajuda da minha família a ajudá-los também a eles. Basicamente a Arte e Criar, é o que sou, é o que tenho e é a minha escolha, e o objetivo é conseguir viver disso... Tenho a determinação e a disciplina necessárias? Sim... Alguns dias são piores que outros e mais difíceis que outros? Sim... Mas isso me parou ou vai parar? Não... Pelo que tenho a certeza, quase inexplicável ou inconsciente de que Sim terei sucesso.Sem dúvida, com mais falhas do que êxitos, com mais doença do que saúde, tive a fortuna de ter certo nível de inteligência e uma mente que compensa as desvantagens, deixando ainda os saldos positivos a o meu favor, e não fica me mais do que continuar a tentar; e mesmo que nem sempre possa ou nem sempre consiga, se tem uma coisa que tenho a certeza é que vou continuar a tentar. E vou continuar a criar arte cheia de sentimentos, assim como tentar mostrar a beleza que pode ser encontrada mesmo até nas piores situações, a beleza em cada instante e como sempre... A encontrar a beleza em todos os lugares, a ver a beleza em todo e em todos, a ver e a encontrar a arte que faz parte de todo e todos, a ver e a encontrar a arte em todos os lugares, porque tudo é Arte, todos somos Arte, só temos de tomar o tempo para vê-lo, para encontrá-lo... Em nós, em todos, e em tudo 🔴.